sexta-feira, 25 de junho de 2010

Chile - Lagos e Vulcões de carro

O melhor caminho de Santiago


Esqueça congestionamentos, buracos na pista e motoristas neuróticos. Do sul do Chile até a capital do país, não tem nada disso, o que torna viajar de carro uma alternativa deliciosa

Os chilenos podem não ter gerado grandes pilotos de Fórmula 1. O maior deles, Eliseo Salazar, nunca subiu ao pódio e só ficou famoso ao levar uns sopapos de Nélson Piquet depois de cometer uma barbeiragem no Grande Prêmio da Alemanha de 1982. Também podem não ter uma grande indústria automobilística - a frota chilena é bem velhinha, a bem da verdade. Mas no país deles há estradas de deixar qualquer brasileiro morrendo de inveja: conservadas, bem projetadas e com ótima sinalização. Junte-se a isso o fato de que essas rotas são entremeadas de vulcões, lagos, montanhas, vinícolas e estações de esqui - e que os compatriotas de Salazar dirigem mais cautelosamente do que o obscuro piloto, e você terá um cenário perfeito para uma viagem de carro, com a liberdade e a agilidade que só esse meio de transporte pode oferecer.

PUERTO VARAS - VULCÃO OSORNO - FRUTILLAR

Uma semana pelo Chile, organizado pela operadora Mobility, de São Paulo. Há várias opções de roteiro. O nosso começou em Puerto Montt, cidade portuária na região dos Lagos Andinos (Centro-Sul), onde um Toyota Yaris nos esperava no aeroporto, para uma locação de sete dias.



Numa tarde congelante, entramos no bravo carrinho, que nos conduziria até Santiago, a 1016 quilômetros dali. Logo veio o primeiro problema. Se as estradas chilenas são bem sinalizadas, o mesmo não se pode dizer das cidades. Esqueça as placas. Nas áreas urbanas, elas não existem ou não são confiáveis. Perdemos quase meia hora naquela cidadezinha menor que Birigüi (SP), tentando encontrar a rodovia que nos levaria a Puerto Varas, nosso primeiro destino turístico e hoteleiro.



Só deu certo quando enfrentamos a barreira da língua e começamos a gastar nosso "portunhol". Aí ficou claro um fator que ajudaria ao longo da jornada até Santiago: os chilenos são simpáticos, prestativos e adoram brasileiros. Todas as vezes que pedimos informações fomos tratados com atenção, simpatia e paciência - legado de um país com baixa criminalidade, onde ninguém tem medo de ser abordado por estranhos na rua.

O primeiro contato com a famosa Rota 5, ou Rodovia Panamericana - a estrada que cruza o país de Norte a Sul -, nos fez perceber que os chilenos, definitivamente, jamais ganharão troféus em pistas de corrida. Assim como nunca terão um trânsito violento como o brasileiro. Eles raramente ultrapassam a velocidade máxima permitida. Pelo contrário, quase todo mundo dirige a 110 quilômetros por hora, numa via onde a lei permite 120 - fato que pudemos descobrir com a ajuda de indicadores de velocidade dispostos ao longo da estrada (semelhantes às lombadas eletrônicas brasileiras, com a diferença de que no Chile eles não multam). Isso imediatamente provoca em nós, discípulos de Ayrton Senna e Nélson Piquet, uma irresistível tentação de sair costurando...



Mas nem houve tempo para isso. A pequena cidade turística de Puerto Varas fica a meros 16 quilômetros de Puerto Montt. Ela ergue-se na beira do Llanquihue, o segundo maior lago chileno, famoso pela prática de esportes náuticos, por atrair pescadores do mundo todo e, sobretudo, por estar ao sopé do Vulcão Osorno. Um dos mais famosos dentre as dezenas que salpicam a região andina.

Fumaça enigmática

Se houvéssemos alcançado o local de outra forma que não de automóvel, haveria a certeza de que um incêndio florestal se acercava da diminuta vila, tamanha a quantidade de fumaça que havia nela. No entanto, a pequena viagem revelou que a fonte de tanta fuligem era... a própria cidade! Sim, no gelado sul do Chile, quase não há aquecedores elétricos ou a gás. Por isso, na prática, as casas exibem uma bonita e fumegante lareira, em que muitos feixes de lenha são queimados diariamente. Em dias de inversão térmica, forma-se um "smog" que garante um ar londrino - e também alguma irritação nos olhos.



Puerto Varas é a mais importante cidade turística na região do "Cruce de Lagos". Ou seja, onde se pode cruzar de barco para Bariloche, na Argentina. Mas esqueça as plagas do Maradona. Há muita coisa boa para se fazer em solo chileno.



Apesar da periferia feinha - nada que se compare aos subúrbios brasileiros -, a cidade tem um bonito centro comercial, com vista para o lago e para o Osorno. Uma feirinha de artesanato garante o charme nos fins de semana. Aqui ficam os melhores hotéis da região e também bons restaurantes, como o Íbis, onde se podem degustar os mariscos trazidos da costa horas antes - no Chile, o mar quase sempre está a menos de 100 quilômetros.

O vulcão é o que interessa

Para os fanáticos pelas apostas, existe o Cassino Puerto Varas. Daqui também partem dezenas de excursões para o vulcão e para os lagos da região. Mas o ideal mesmo é estar de carro, pois nem sempre os passeios podem valer o tempo que as excursões ocupam. É o caso dos Saltos de Petrohue. Trata-se de uma série de quedas-d'água decantadas em prosa e verso nos folhetos turísticos. De fato, vale a pena ir até lá, mas apenas se o tempo estiver bom. Caso contrário não se consegue ver o Vulcão Osorno, grande atração do lugar. Os saltos em si merecem uma visita. Mas daquelas rapidinhas - e não de um dia inteiro, como algumas agências sugerem.



Melhor que isso é usar uma manhã ou toda a tarde na cidadezinha de Frutillar, a 25 quilômetros de Puerto Varas. Fizemos isso em nosso segundo dia de viagem e o resultado foi compensador. Uma trilha não asfaltada, recoberta de pedras, margeia o Lago Llanquihue até essa vila tipicamente alemã, capaz de rivalizar com qualquer recanto de Santa Catarina. No caminho, além de bucólicas fazendas repletas de ovelhas, chama a atenção o monumento aos colonizadores germânicos que aqui chegaram em 1852. A obra em si não é um primor de beleza, mas fica numa colina com uma vista espetacular do lago.

Em Frutillar, é obrigatório apreciar a arquitetura teutônica e visitar o interessante Museu Colonial Alemão. Saltam aos olhos os letreiros na língua de Goethe, espalhados por toda a vila. Há várias doceiras com especialidades alemãs - sobretudo o küchen, uma torta doce que pode levar maçã ou chocolate. A cidadezinha é pródiga em bons restaurantes. Mas fique atento: muito deles só trazem a influência germânica no nome. No Guten Apetit (Bom Apetite, em alemão), não havia um prato sequer importado de terras prussianas. No Clube Alemão, por sua vez, a coisa mais próxima que conseguimos foi uma bisteca de porco acompanhada de ovos e arroz, que eles inadvertidamente chamam kassler, para desespero dos genuínos mestres-cucas bávaros.



Se o paladar nem sempre é satisfeito, a audição certamente o é. Com a construção de um grande anfiteatro na beira do lago, a cidade está virando um importante centro de eventos musicais e artísticos. Não é difícil encontrar uma orquestra tocando Bach ou Wagner nos fins de semana. Debussy ou Verdi? Aí, é menos provável...

ONDE FICAR E COMER

Em Puerto Varas, há dezenas de hotéis e pousadas. Uma boa opção é hospedar-se no Hotel Cabañas del Lago (www.cabanas dellago.cl). Ao contrário do que o nome sugere, não há cabana ou chalé nenhum, mas sim uma imponente construção avançando sobre o Lago Llanquihue. Os quartos têm uma bela vista para o lago e a cidade, com diárias que vão de 89 a 220 dólares, dependendo da época do ano.


Em Frutillar, a pedida é o Hotel Ayacara (www.hotelayacara.com), uma charmosa casa em estilo alemão construída em1910. Tem oito quartos, com preços de 50 a 100 dólares, e fica próximo ao anfiteatro onde ocorrem festivais de música.

Há ótimos restaurantes em toda a região, mas a preços nada amigáveis. Um prato de avestruz com risoto, no El Ciervo, de Puerto Varas, não sai por menos de 6000 pesos - equivalente a 30 reais - sem contar bebidas, sobremesas e gorjeta.

PUCÓN - VULCÃO VILLARRICA - PARQUE HUERQUEHUE

Com o espírito aventureiro que o carro permite ter, decidimos deixar de lado a excelente Rota 5 para percorrer uma trilha alternativa de 133 quilômetros, que parte de Puerto Varas e contorna o Lago Llanquihue rumo à cidade de Osorno. Nossa idéia era retomar a autopista nessa cidade e chegar em duas horas a Pucón, 230 quilômetros ao norte, região de turismo chique, onde ficam o lago e o Vulcão Villarrica.



"Aventura" não foi força de expressão. A rota que contorna o lago é tão bela quanto traiçoeira. Um trecho de 29 quilômetros de terra é garantia de diversão, para quem tem veículo 4 x 4, e de problemas, para quem - como nós - optou por um compacto feito para andar nas ruas de Tóquio.



A brincadeira off-road nos legou uma inesperada tremedeira no volante, que tornava impossível dirigir a mais de 80 quilômetros por hora. Aí vai mais uma dica para quem viaja de carro no Chile. Com exceção da Rota 5, as vias não têm essa profusão de postos de serviço que vemos no Brasil - um dos poucos aspectos em que as estradas chilenas deixam a desejar quando comparadas às nossas. Além disso, é quase impossível encontrar oficinas mecânicas abertas depois das 18 horas e boa parte dos postos de combustível fecha as portas à noite. Se você tiver um problema, apele aos telefones de emergência das locadoras e espere um carro reserva. É o jeito.



Só não fomos obrigados a tomar essa medida devido à sorte e à simpatia dos chilenos. Na cidade de Osorno, em pleno sábado à noite, uma dupla de frentistas decidiu ajudar, mesmo depois de já terem fechado o posto. Felizmente, em vez de um problema mecânico, tínhamos, sim, eram quilos de barro presos às rodas. Bastou uma lavagem para permitir uma chegada tranqüila a Pucón.

Pucón é uma espécie de Campos do Jordão chilena. Conta com casario em estilo enxaimel, um comércio charmoso e muita moçada curtindo a noite na alta temporada. Só que também tem neve, um vulcão no horizonte, estação de esqui, cassino e um grande lago que a envolve.

No Centro, o grande barato é visitar as lojas de artesanato, em que se encontram os intricados artefatos feitos pelos mapuche, os índios que dominavam a região antes dos espanhóis. Sem contar a boa oferta de bares descolados, lojas de grife e restaurantes românticos, em que se podem degustar, à luz de velas, desde mariscos com camarão até avestruz e saborosos grelhados de cordeiro - aliás, o prato típico da região.



Ainda assim, Pucón é um recanto menos óbvio que Valle Nevado e Termas de Chillán - ambos ao norte. Por isso, recebe amiúde celebridades que fogem do assédio público.

Trata-se de uma fazenda aberta ao turismo, localizada no caminho para a pequena Villarrica (sim, há uma cidade com o mesmo nome do lago e do vulcão). Com mais de 2200 cabeças de gado, 400 ovelhas, lhamas, veados e muitos cavalos, o latifúndio se tornou uma parque de diversões agrícola, que oferece desde prosaicos piqueniques até churrascos à moda patagônica e - pasmem - festas de rodeio. Sim, até aqui...

Se você não é da turma do chapéu e espora, tudo bem. Existe aqui pertinho a estação de esqui. Decidimos encará-la em nosso segundo dia em Pucón. Para chegar a ela de carro, segue-se uma tortuosa estrada de montanha de 18 quilômetros, onde não se deve dar uma de piloto de Fórmula 1. Curvas fechadas e chão escorregadio são um convite a rolar montanha abaixo antes mesmo de se calçar os esquis.

Uma vez lá em cima, o cenário é compensador. Situada na encosta do Vulcão Villarrica, a 1480 metros de altitude, ela não chega a ser das mais emocionantes em termos esportivos. Em compensação, proporciona uma visão deslumbrante dos lagos Villarrica, Caburgua e Calafquen.

Mas não é só de paisagens nevadas e cowboys latinos que vive a região do Vulcão Villarrica. A 37 quilômetros da cidade (12 deles por terra), fica o Parque Nacional Huerquehue. É área ideal para quem gosta de caminhadas em meio à natureza. Há diversas trilhas, com muitos níveis de dificuldade, em meio a uma densa vegetação de montanha.

Das elevações, algumas com até 2000 metros de altitude, pode-se ver todo o Lago Caburgua, uma reserva formada há dez milênios pelo degelo dos Andes, margeado por praias de cinzas vulcânicas. Além disso, a vegetação é bastante incomum, pelo menos para quem está acostumado ao trekking no Brasil. Podem-se se ver tanto os coigues, árvores centenárias com mais de 30 metros de altura, quanto os minúsculos changles, fungos coloridos que se tornaram uma iguaria na culinária local.

Banquete selvagem

Na parte baixa de Herquehue fica o Lago Tinquilco. Às suas margens, sob uma fachada humilde, encontramos um dos mais exóticos restaurantes da região. Na realidade, uma pousada, a Puerto Parque Tinquilco. Nela, a anfitriã Giovanna Franco prepara trutas pescadas no dia - às vezes pelos próprios clientes. E também javalis caçados por seu marido (com permissão do governo, claro). Além das já famosas tortas küchen.

Depois de um banquete selvagem, nada melhor que um passeio tranqüilo. No trajeto de volta de Huerquehue a Pucón ficam os Ojos del Caburgua, agradável bosque com diversas cachoeiras e pontos, no chão, dos quais brota água, um fenômeno curioso e belo. No verão, o lugar é tomado por famílias em busca de espaço para piquenique ou simplesmente para relaxar, antes de encarar a estrada de novo.

ONDE FICAR E ONDE COMER


A região do Lago Villarrica tem uma profusão de bons hotéis. Quem prefere um lugar mais sossegado, pode optar pelo recém-inaugurado Villa Rica Park Lake (www.villarricaparklakehotel.cl), situado no meio do caminho entre Pucón e a Rota 5. Às margens do lago, o hotel oferece spa completo e serviços como transfer de esqui. As diárias vão de 255 a 295 dólares.

No agito da cidade existe o Hotel del Lago (www.hoteldellago.cl), onde fica também o cassino. Diária de 130 a 300 dólares. Escolher restaurante em Pucón é tarefa difícil, tamanha a oferta de lugares charmosos e de cozinhas apetitosas.

No restaurante Patagonia Plaza, no centro de Pucón, um prato de cordeiro assado com batatas e salada sai por 4800 pesos (cerca de 23 reais).

TERMAS DE CHILLAN

O trecho que leva de Pucón às Termas de Chillán, no quinto dia de viagem, foi de longe o mais tenso. Nem tanto pelos primeiros 377 quilômetros, percorridos na tranqüila Rota 5 até Chillán. O problema é o caminho entre essa cidade e as termas propriamente ditas. Os mapas e guias chilenos dão a entender que, após um trajeto de 80 quilômetros partindo de Chillán, chega-se a uma vila ou cidade. Puro engano. A estrada é uma interminável subida que termina na própria estação de esqui, onde existem dois hotéis e nada mais. Se você se esquecer de abastecer o carro, correrá o risco de ter uma pane seca num lugar desolado e gelado.

Por sorte, conseguimos alcançar o Grande Hotel Termas de Chillán, a 1800 metros, com o intrépido Toyota Yaris já engasgando por falta de gasolina. Alguns quilômetros a mais e, em vez de um confortável quarto cinco estrelas, encararíamos uma noite no acostamento da estrada - onde fazia 5 graus.



Em Termas de Chillán, ficam as mais longas pistas de esqui da América do Sul. A maior delas, chamada Três Marias, perfaz a impressionante distância de 2600 metros. A bela linha de teleféricos, por sua vez, tem um total de nove ramificações - a viagem nas cadeirinha aos pontos mais distantes leva até quarenta minutos.



Por isso, na temporada de inverno, que vai de junho a outubro, a região realmente bomba, com turistas de todo o mundo, inclusive esquiadores profissionais europeus, que fogem do verão setentrional. Mas o grosso dessa invasão é mesmo tupiniquim. "Os brasileiros representam 90% dos estrangeiros", diz em perfeito português a subgerente do Grande Hotel, Pamela Bravo. Termas de Chillán tem-se tornado a grande rival da estação de esqui de Valle Nevado, próximo a Santiago.

Piscina de 38 graus

E quando o tempo esquenta? Ao contrário do que se possa pensar, quando a neve vai embora, de dezembro a março, a região ferve novamente. As fontes de águas termais viram a grande atração. Tanto no hotel quanto em uma área pública há deliciosas piscinas de água sulfurosa que brota da montanha vulcânica a 38 graus.



Para os adeptos do consumismo, existem as peculiares lojas de artesanato e os poucos - mas glamourosos - restaurantes que ficam ao longo da estrada para as termas, a 30 quilômetros dos hotéis. Além disso, a região é perfeita para esportes de aventura, como rapel, trekking e arvorismo. Vale a pena aproveitar o carro para visitar pontos remotos como a Gruta de los Pangues - uma caverna encoberta por impressionante cachoeira, à beira de um desfiladeiro. E, se seu veículo for 4 x 4, a pedida é ir até Shangri-lá - o ponto onde ficava a antiga estação de esqui, abandonada em 1975 por causa da dificuldade de acesso: uma trilha que margeia um paredão de rochas vulcânicas milenares apelidado de "El Purgatorio".

ONDE FICAR E ONDE COMER



Em Termas de Chillán, o Gran Hotel Termas de Chilllán e o Hotel Pirigallo (www.termaschillan.cl) são da mesma rede e têm o mesmo estilo, com menos requinte para o segundo. Há estrutura para esqui, piscinas termais, passeios a cavalo e campo de golfe. Os preços vão de 190 a 314 dólares. Como não há outros restaurantes, os hotéis aproveitam: qualquer refeição sai pelo preço salgado de 17000 pesos (85 reais) por pessoa.

ROTA DO VINHO



Seria um contra-senso visitar o Chile e não se deliciar com o mais famoso de seus pro-

dutos: o vinho. Num roteiro de carro pelo país, fica fácil embarcar numa jornada enológica. Cerca de 260 quilômetros ao norte de Chillán, no caminho para a capital, Santiago, deparamos com a cidade de San Fernando, entrada para o Vale de Colchagua. Trata-se de uma das mais privilegiadas regiões do mundo para o plantio de uvas e fabricação de vinhos de qualidade superior.



Em uma área de 500 quilômetros quadrados, 27 vinícolas - boa parte delas entre as mais renomadas do país - produzem 150 milhões de litros de vinho por ano. Por isso, o afluxo de turistas ao vale cresceu tanto que os produtores se uniram para criar a Rota do Vinho, um passeio de trem que parte de Santiago e percorre a região, com paradas para degustação, palestras e visitas guiadas.



A vantagem do tal trenzinho, além do bucolismo, é a de poder experimentar todos os tintos e brancos possíveis sem depois ter de se preocupar com volante, acelerador, freio e polícia. Se você, porém, consegue apreciar as degustações sem exagero, então o carro é o melhor meio. Isso porque algumas fazendas são mais bonitas e repletas de atrações, merecendo mais tempo de visitação.



É o caso da Viu Manent, cujos vinhedos são cultivados desde 1860. Hoje, 95% de sua produção é destinada aos Estados Unidos. Não bastassem os passeios em charretes com guias bilíngues, a vinícola oferece degustações fartas, inclusive do raro Carménère - variedade trazida ao Chile antes que uma praga a extinguisse na França, no século 19. A vinícola, por sinal, é um museu da uva. Suas construções datam de 1900 e a cave, com 4600 garrafas, virou uma das grandes atrações do vale.



Por falar em museu, nenhuma visita à Rota do Vinho fica completa sem uma visita ao Museu de Colchagua, na cidade de Santa Cruz - a 40 quilômetros de San Fernando. Aqui encontramos uma impressionante coleção de veículos e máquinas antigas. Há também artefatos indígenas, réplicas de vinícolas do século 19 e a reconstrução de uma estação de trem dos anos 1930. É possível se entreter por uma tarde no museu. O lugar ideal para recuperar a sobriedade - lá não tem degustação! - antes de encarar o volante no trecho final de 180 quilômetros até Santiago. Reza a prudência incluí-lo. O tresloucado Eliseo Salazar não faria essa recomendação. Mas, quem é mesmo Eliseo Salazar?

ONDE FICAR E ONDE COMER



Melhor que hospedar-se na Rota do Vinho, é fazer o tour de trem pelo Vale de Colchagua. Custa entre 34 000 e 90 000 pesos (170 reais a 450 reais), de acordo com o tamanho do grupo que fizer a reserva. Inclui visita a três vinícolas (com opção de ir ao Museu Colchagua), degustação de pelo menos dois vinhos por parada, todos os traslados a partir de Santiago e almoço na cidade de Santa Cruz. Informações no site www.colchaguavalley.cl

Matéria Publicada Julho/2004.

Quanto se gasta

Ao chegarmos a Santiago, no sétimo dia de viagem, havíamos rodado 1 950 quilômetros, gastando um total de 67 000 pesos (cerca de 340 reais) em combustível e 18 000 pesos (cerca de 90 reais) de pedágio.

Melhor época

A temporada de esqui vai de junho a outubro. A região lota, e é preciso cautela por causa de gelo e neve na via. No verão, de dezembro a março, os lugares também fervem. Já os meses de abril e maio são insossos: frios, mas sem neve.

6 comentários:

  1. "a vinícola oferece degustações fartas, inclusive do raro Carménère"

    Raro?

    ResponderExcluir
  2. Discordo qndo ele diz q o povo chileno e hospitaleiro e educado. Pelo menos Santiago so fui maltratada por eles... Deus me livre! O povo grosso!!!

    ResponderExcluir
  3. luiz da grafica;tomo os nazista vai ti inguadra, vai aperta o botão vai ti fecha, vai ;abrir, a sua cabeça ,é melhor voce ficar dentro di casa seu preto;23#32#34#52#25#50#2009″ 5+6#11+4#15#1+5#666″”

    ResponderExcluir
  4. fhilipi bailey; olha esse som vale ouro esse eu quero sigura forte;

    ResponderExcluir